Palmeiras e Corinthians se enfrentaram em 2018 numa decisão que levou 165 dias para de fato acabar.
A queixa não era quanto à marcação do pênalti em si – que, na opinião de Paulo César de Oliveira, ex-árbitro e comentarista da TV Globo, não existiu realmente –, mas sim com a suspeita de que o quinteto de arbitragem tinha ilegalmente recebido informação de fora das quatro linhas para mudar a decisão inicial.
Para tentar provar seu ponto, o Palmeiras levantou imagens das câmeras de segurança de sua arena e da transmissão. Munidos de telefones celulares, dois membros da FPF ligados à arbitragem (Dionísio Roberto Domingos e Márcio Verri Brandão), mas que não faziam parte do quinteto escalado, estavam à beira do campo no momento. Teriam sido eles, no entendimento do clube, os responsáveis por repassar a interpretação de que o volante corintiano não tinha cometido a falta no atacante palmeirense.
Em função de um arrastado processo extracampo, a final que começou às 16 horas de 8 de abril, em São Paulo, só seria dada como encerrada ao meio-dia de 19 de setembro, em julgamento na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, com a decisão de se manter o Corinthians campeão paulista.
Veredicto do STJD
Em decisão unânime, os auditores do STJD rejeitaram o pedido para impugnação da partida. Em comum, todos entenderam que o Palmeiras não conseguiu apresentar provas que sustentassem o argumento de interferência externa. Um deles, Mauro Marcelo, fez ressalva de que faltava "convicção absoluta".
– Indícios são elementos de provas. Mas têm peso também. Marca de batom na lapela tem menos peso do que na cueca. Mas a certeza tem que ser inquestionável. Tenho impressão que houve interferência externa, mas me falta a convicção absoluta – afirmou.
Diante disso, o Palmeiras mais tarde desistiu de levar a questão a instâncias internacionais, mas emitiu nota oficial lamentando a decisão e a até então não introdução do VAR no futebol brasileiro.
ONDE ESTÃO OS ENVOLVIDOS?
Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza (árbitro da partida): sua última atuação pelo quadro da FPF foi em 25/11/2018 (em América-MG x Bahia, pelo Campeonato Brasileiro); por estourar o limite de 45 anos de idade, passou a apitar pela Federação Paraibana a partir da temporada seguinte; antes da paralisação do futebol por conta da pandemia do novo coronavírus, trabalhou em Ceará x Sport (em 15/03, pela Copa do Nordeste);
Anderson José de Moraes Coelho (primeiro assistente): aos 45 anos – faz aniversário no último dia de dezembro –, permanece como integrante do quadro da FPF, cujos registros apontam sua última atuação em 13/03, no duelo entre Bragantino e Água Santa, pelo Campeonato Paulista;
Daniel Paulo Ziolli (segundo assistente): tem 38 anos, e seu último jogo foi o clássico São Paulo x Santos, em 14/03, pelo Campeonato Paulista;
Adriano de Assis Miranda (quarto árbitro): também continua no quadro da FPF e foi o árbitro principal da partida entre Santos e Audax, em 16/03, pelo Campeonato Brasileiro Feminino;
Alberto Poletto Masseira (assistente adicional): também chamado de “quinto árbitro”, foi quem correu rente à linha lateral em direção ao quarto árbitro, que posteriormente se dirigiu a Marcelo Aparecido; curiosamente, a última partida em que trabalhou foi na arena do Palmeiras, em 11/03, pelo Campeonato Brasileiro sub-17, como primeiro assistente;
Dionísio Roberto Domingos (diretor de arbitragem): foi desligado da FPF em dezembro passado, aos 61 anos; militar reformado e ex-filiado ao Patriota, chegou a comentar com pessoas próximas sobre a ambição de um dia se candidatar à prefeitura de Guaratinguetá, onde tem um sítio e responde judicialmente pela acusação de crime ambiental;
Márcio Verri Brandão (membro da comissão de arbitragem): flagrado com celular pelas câmeras de segurança da arena palmeirense naquela partida, ele ainda integra a comissão;
Dudu (atacante): continua no Palmeiras e é o jogador com maior número de partidas no elenco; no segundo semestre daquele ano, foi campeão brasileiro e eleito o melhor jogador da competição nacional;
Ralf (volante): um dos homens de confiança do técnico Fábio Carille, com o qual ganhou aquele título paulista na arena palmeirense, teve o contrato com o Corinthians rescindido no início deste ano, depois da chegada de Tiago Nunes ao clube.
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